segunda-feira, 7 de abril de 2008

Impulso versus Consciência - Alana Cardoso Telhe



- Mas acontece que eu sou sua mãe, a senhorita é menor de idade e eu ainda te sustento, portanto você vai fazer o que eu mandar, sem reclamar ou discutir, entendeu?
- É, é sempre assim mesmo: você manda, eu obedeço. Você nunca quer saber dos meus problemas, nunca quer saber os motivos, você nunca me entende e não quer me entender! Eu odeio você!
O último barulho depois de toda essa gritaria, foi o da porta do quarto batendo. Silêncio. Só os ouvidos mais apurados conseguiram ouvir o chorinho, que vinha lá do quarto, tímido.
Se há um segundo, a consciência parecia não funcionar, agora ela trabalhava em dobro, talvez para compensar o tempinho perdido...
Será que vale a pena dizer coisas tão duras para a pessoa que mais te ama, apenas por ela ter contrariado uma vontade, uma vontadezinha? O que dói mais é perceber que essa decisão foi só para fazer feliz e educar – a filha tinha mergulhado nesses pensamentos, e finalmente a consciência entende a decisão da mãe. Será que era tarde para pedir desculpas?
A porta do quarto abriu, a filha passou por ela e foi ter com a mãe. A surpresa foi que esta também debulhava-se em lágrimas. Dói mais dizer ou ouvir, ter que decidir ou aceitar uma decisão?
- Mãe... me perdoa? Eu não odeio você, e eu entendi os seus motivos, sei que quer o melhor pra mim.
O coração de mãe, quando tocado pelos filhos torna-se tão duro... duro como nada mais que uma manteiga de retida.
- É claro que eu te perdôo filha. Eu te amo, e realmente só quero o seu bem. Que bom que você entendeu isso.
E um abraço, um tanto quanto molhado pelas lágrimas, selou a reconciliação.
Mas mal sabiam elas essa paz não dura nem um dia. O impulso faz tudo acontecer de novo...

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